Lendas e Historias

Lendas e Historias PT

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Fonte Botelha

Já lhe tinham dito:

- Tu já viste bem as botelhas que tens lá junto dos nascentes, ó pé do Carvão?

- Tenho-as regado…

- Eu nunca vi nada igual! Passei lá com uma carrada de milho e até parei a cria; é coisa digna de se ver!

Realmente, até ele ficou sarapantado com as botelhas, nunca tinha visto, eram quase todas grandes, mas três ou quatro, eram da largura da roda do carro! Ai eram, eram!

 Este ano, a sua Ermelinda bem podia cebar a reca, e os bois também! Realmente, ali a terra era funda, água não faltava. Bem estrumada, o ano tinha-lhe corrido ao jeito e aí estava o resultado.

Quando entrou no povo vinha todo concho. Pôs a maior por cima, parecia uma fraga.

- Ah rapaz! Onde tiveste isso? Nunca se viu por aqui tal coisa!

- Foi lá em cima naquela minha terra, perto do Carvão, onde há aquelas duas nascentes.

Era domingo, o muro estava repleto de homens e ele passou por ali de propósito. Ficou tudo de boca aberta! Foi tal a admiração, que saiu tudo dos sotos para ver a carga. Ele parou a cria.

O primo dele, o Acácio:

- Pois isso! Assim vale a pena. Donde é que trazes essas bestas?

- Lá da minha terra, onde há duas nascentes.

- Olha, bem lhe podes chamar a nascente das botelhas.

O Luís Gadanheiro que estava ali sentado:

- Nascente, não! Fonte da botelha! Fica melhor, deita mais água!

Ficou tudo abismado com o tamanho das botelhas. A notícia correu o povo todo, foram muitos os que foram ao quinteiro ver aquelas bisarmas.

Até a Isaura, a quem o pulgão comia sempre o renovo, lhes pediu:

- Oh Isilda, guarda-me umas sementes, que a nós nunca se nos dá nada de jeito.

- Fica descansada.