Lendas e Historias

Lendas e Historias PT

(lire en français)

Fontinha

Já tínhamos uma pinga quando apareceu o meu primo. “- Que era desfeita, dia de festa, ficava aborrecido, era só um copo e que também me queria mostrar a junta de bois que eu lhe tinha ajudado a comprar…”; e lá fomos. Tinha lá uns peixes do rio, de escabeche; foi de caixão à cova. Quando saímos de lá, estava a começar o arraial.

Metemo-nos ao caminho e, apoiados um no outro, lá viemos. No Toleiro perdemo-nos. Se eu já não via nada, ele muito menos. Às tantas, dei por mim a ouvir água a correr; era um gricho de uma fontinha. Baixei-me e bebi, que trazia a boca seca. Ainda me lembra de ver o Luciano a amarrar-se.

Começámos a andar e vinha-lhe a contar que os bois que o meu primo lá tinha, os tinha comprado na feira de Chacim e que eu tinha ido com ele. Tínhamos dormido em Soeima, em casa do tio dele, que casou lá… E que há coisas que dão que pensar: aqueles bois tinham sido vendidos por um negociante de Santa Comba e tinham sido amansados pelo Aldino, ali na Trindade. Que os tinha ao ganho, que assim que os viu os conheceu logo, porque um dos bois, a primeira vez que foi ferrado, a parte de dentro do canelo foi mal feita e criou ali uma ferida que deixou sempre marca. Se alguém havia de dizer que voltavam ali, os bois…

Ao chegar ao cimo da ladeira, virei-me para trás e disse-lhe:

- Não dizes nada? Tu não ouves?

Foi quando vi que tinha estado a falar sozinho. Ainda estive para ir saber dele, mas pensei: “- caíste para aí, daqui a bocado levantas-te e cá vens tu”.

Passei por casa dele e disse à Alzira:

- Olha, o teu homem ficou para trás. Vínhamos os dois, mas ficou-se.

Ela encolheu os ombros e recolheu-se, já estava habituada.

Quem o encontrou foi o pastor do Salustiano, que casou em Valbom. Diz que estava a baixar-se lá nessa fontinha para beber, e quando soprava sobre a água para os sapateiros se desviarem, viu a cara dele na augueira, diz que apanhou um cagaço.

Diz que o Luciano estava com a cabeça meio metida na augueira, o corpo estava seco, caído em prancha sobre a terra e só a cabeça na augueira. Diz que parecia impossível como é que se afogou. Ou caiu ao amarrar-se, ou adormeceu em cima da água. Diz que estava de cabeça para baixo e que a água lhe dava pelos olhos, parecia impossível.

Não sei onde é que é, essa fontinha!

É mais abaixo da Codeçosa!

É ali uma terra que é do Sarmento.

Tem lá uma nascente pequena e fizeram uma fontinha, para segurar mais a água.  

Já tínhamos uma pinga quando apareceu o meu primo. “- Que era desfeita, dia de festa, ficava aborrecido, era só um copo e que também me queria mostrar a junta de bois que eu lhe tinha ajudado a comprar…”; e lá fomos. Tinha lá uns peixes do rio, de escabeche; foi de caixão à cova. Quando saímos de lá, estava a começar o arraial.

Metemo-nos ao caminho e, apoiados um no outro, lá viemos. No Toleiro perdemo-nos. Se eu já não via nada, ele muito menos. Às tantas, dei por mim a ouvir água a correr; era um gricho de uma fontinha. Baixei-me e bebi, que trazia a boca seca. Ainda me lembra de ver o Luciano a amarrar-se.

Começámos a andar e vinha-lhe a contar que os bois que o meu primo lá tinha, os tinha comprado na feira de Chacim e que eu tinha ido com ele. Tínhamos dormido em Soeima, em casa do tio dele, que casou lá… E que há coisas que dão que pensar: aqueles bois tinham sido vendidos por um negociante de Santa Comba e tinham sido amansados pelo Aldino, ali na Trindade. Que os tinha ao ganho, que assim que os viu os conheceu logo, porque um dos bois, a primeira vez que foi ferrado, a parte de dentro do canelo foi mal feita e criou ali uma ferida que deixou sempre marca. Se alguém havia de dizer que voltavam ali, os bois…

Ao chegar ao cimo da ladeira, virei-me para trás e disse-lhe:

- Não dizes nada? Tu não ouves?

Foi quando vi que tinha estado a falar sozinho. Ainda estive para ir saber dele, mas pensei: “- caíste para aí, daqui a bocado levantas-te e cá vens tu”.

Passei por casa dele e disse à Alzira:

- Olha, o teu homem ficou para trás. Vínhamos os dois, mas ficou-se.

Ela encolheu os ombros e recolheu-se, já estava habituada.

Quem o encontrou foi o pastor do Salustiano, que casou em Valbom. Diz que estava a baixar-se lá nessa fontinha para beber, e quando soprava sobre a água para os sapateiros se desviarem, viu a cara dele na augueira, diz que apanhou um cagaço.

Diz que o Luciano estava com a cabeça meio metida na augueira, o corpo estava seco, caído em prancha sobre a terra e só a cabeça na augueira. Diz que parecia impossível como é que se afogou. Ou caiu ao amarrar-se, ou adormeceu em cima da água. Diz que estava de cabeça para baixo e que a água lhe dava pelos olhos, parecia impossível.

Não sei onde é que é, essa fontinha!

É mais abaixo da Codeçosa!

É ali uma terra que é do Sarmento.

Tem lá uma nascente pequena e fizeram uma fontinha, para segurar mais a água.