Lendas e Historias

Lendas e Historias PT

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Cabeço de Maria Martins

Os bois eram valentes! Mas aquela carga…

Pronto, estava dito, estava dito! Rais parta na gola. A mulher é que tinha razão.

- És goludo!

- Está calada!

E agora ali ia ele, com aquela carga medonha. Os bois, coitados, a descer iam quase sentados.

“- Rais parta na vida!” E era perto, era! Sempre mau caminho e fragas.

A descer para os Lameiros do Monte, ainda pensou dar a volta, mas já ali estava.

Os bois escorregavam nas fragas gastas por tanta passagem, o eixo do carro podia partir-se a qualquer momento. Às vezes um boi estava quase um metro mais alto que o outro, e o carro então nem se fala, mas o peso aqui ajudava e evitava que o carro se virasse.

Ele conhecia bem o caminho e já estava a pensar nas Chãs. Aí é que ia ser o diabo, tinha que arroussar para dar a volta.

Também não entendia. Tanta pedra para ali, e que diacho é que tinha aquela pedra de diferente? Porque tinha lá uns riscos, que dizem que foram os antigos que os fizeram… E depois? Uns riscos!...

Ninguém entendia os ricos, mas eles é que mandavam. E se não se atrevesse, quando começasse a decrua iam para lá outros e ele ficava em casa a pão e água, se calhasse!...

Às Chãs, deu com o Arménio Nório a cabar os feijões.

- À rapaz! Onde vais com tamanha carga? Coitados dos bois!

- Eles aguentam! Vou ali para o cabeço, a senhora quer lá esta pedra, que é que havemos de fazer? É trazê-la!...

- Tanta fraga que aqui há! E é preciso trazer essa do povo?…

- Que é que queres? Ela é que manda… diz que é por causa dos riscos que tem, diz que é dos antigos.

- Manias!

- Diz que não é bem por ela, mas pela morgada, a menina Maria Martins, parece que gosta destas coisas antigas, dizem que está prometida a um da alta e que quer fazer para aqui não sei o quê.

Lá fica atão, o Cabeço Maria Martins!