Mais um conto do Vítor publicado, o vigésimo primeiro. É o “Cabeço de Maria Martins”.
Este sítio de Benlhevai tem nome de gente. Não sabemos porquê, mas tudo leva a crer que tenha pertencido a uma só família, a da tal Maria Martins. Devia ser gente rica ou pelo menos uma família abastada, já que em Benlhevai nunca houve gente fidalga, daquelas que eram donas de tudo. Segundo reza a história, em 1263 o mosteiro de Bouro deu foral aos povoadores de Benlhevai, que fariam doze casais. O termo de Benlhevai ficou desde logo dividido por várias famílias e assim se manteve até aos dias de hoje. Estes lotes seriam iguais entre si, pelo que as casas mais abastadas que houve nalgumas épocas resultaram de casamentos de conveniência (antigamente eram quase todos) ou de heranças.
Este sítio do Cabeço de Maria Martins é uma zona com características singulares. É mesmo um monte, tem muita pedra, muros que hoje em dia nunca teriam sido feitos. Fica ali para o lado das Chãs, a seguir aos Lameiros do Monte.
Ora bem, aqui fica uma história de pedras, gravuras rupestres e caprichos de gente rica. Teria sido esta a origem do nome daquele sítio? Porque não?
Mais um conto a registar um nome de uma zona do termo de Benlhevai. Naquele sítio do cabeço de Maria Martins, agora só há sobreiros, monte e muitas pedras, algumas são mesmo fragas e das grandes. Mas antigamente, tudo leva a crer que aquela zona era fabricada, talvez com cereal: daí que há lá muitos muros. que serviam para limpar os terrenos de tanta pedra e também para os delimitar.
Tudo isto nos dá espaço para pensarmos nos tempos de antigamente, que foram bem duros, seguramente.
Artur José de Sousa Fernandes