Acabámos de publicar o sétimo conto do Vítor, o “Orreta da Silva”, que pode ser lido na secção “Lendas e Histórias” da página de Benlhevai.
Orreta significa atalho ou passagem estreita. O nosso Orreta da Silva fica entre a Carreira de Bragança e a Tacinha, seria um atalho entre o caminho que ia para Macedinho e o que ia para a Trindade.
Na nossa região (não só em Benlhevai) os lobos eram o maior inimigo dos pastores e não só; há cerca de quarenta anos, os lobos foram desaparecendo e o seu território foi sendo ocupado pelos javalis. Os mais velhos ainda nos lembramos do perigo que eram os lobos, as ovelhas que comiam, e não eram só ovelhas, também os cães que conseguiam apanhar, os burros que, já velhos, se iam deixar ali para o Muro para eles comerem.
Esta história do Orreta da Silva podia ter acontecido, tal como é contada ou doutra maneira parecida. O essencial destes contos continua, no entanto, a ser a preservação dos nomes do termo de Benlhevai, histórias que são nossas, a preservação da memória da nossa terra, do Benlhevai de algumas décadas atrás.
É por isso que é importante que deixemos esta memória registada, escrita, para que não se perca. Que bom seria que os leitores nos dissessem alguma coisa…
Ainda na minha infância, a vida na nossa terra era muito sofrida. Não havia as farturas nem os confortos que temos hoje. Ia-se às feiras a pé, não havia estradas, nem carros, nem telefone; as viagens entre as povoações era feitas a pé. E um pensamento que sempre nos acompanhava era se nos apareceriam os lobos e onde. Então para quem tinha rebanhos de ovelhas ou cabras, os lobos eram um inimigo muito sério. Este conto remete-nos para esse tempos de vida tão difícil.
Artur José de Sousa Fernandes