Após o Natal e até ao fim do mês de Janeiro, principalmente no dia 5 de Janeiro dia de reis, já lá vai o tempo em que grupos de homens e mulheres, jovens e crianças, com ou sem instrumentos musicais, iam cantar, de porta em porta, para anunciar o nascimento do Deus-Menino:
«'Inda agora aqui cheguei, Mal pus o pé nesta escada, Logo o meu coração disse Qu'aqui mora gente honrada. | Avante, pastores, Corramos a Belém, Adorar o Deus-Menino E à Sua Mãe.» |
Há quem diferencie «Os Reis» das «Janeiras», defendendo que aqueles cantar-se-iam até ao dia de Reis:
«Hoje é dia cinco, Amanhã é dia seis, Viemos dar Boas Festas E também cantar os Reis». |
Enquanto que as Janeiras cantar-se-iam, essencialmente, desde essa data até ao fim do mês de Janeiro, sendo que o tema das quadras também mudariam um pouco:
«Quem diremos nós que viva, No ramo da salsa crua, Viv'à menina da casa Qu'alumia toda a rua. | Quem diremos nós que viva, | Quem diremos nós que viva, Nós não queremos ficar mal, Vivam os patrões desta casa, Vivam todos em geral. |
No final, a porta da casa abria-se e os donos ofereciam fumeiro, nozes, castanhas, vinho, etc.
Quando alguma porta não se abria, todos diziam em uníssono: «Esta casa cheira a unto; morreu aqui algum defunto» ou então quando mais brutos «Esta velha rabugenta não tem nada que nos dar; só tem uma arca velha onde os gatos vão cagar» .