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Cantar os Reis e as Janeiras  2012-01-06

Após o Natal e até ao fim do mês de Janeiro, principalmente no dia 5 de Janeiro dia de reis, já lá vai o tempo em que grupos de homens e mulheres, jovens e crianças, com ou sem instrumentos musicais, iam cantar, de porta em porta, para anunciar o nascimento do Deus-Menino:

«'Inda agora aqui cheguei,
Mal pus o pé nesta escada,
Logo o meu coração disse
Qu'aqui mora gente honrada.
Avante, pastores,
Corramos a Belém,
Adorar o Deus-Menino
E à Sua Mãe.»

Há quem diferencie «Os Reis» das «Janeiras», defendendo que aqueles cantar-se-iam até ao dia de Reis:

«Hoje é dia cinco,
Amanhã é dia seis,
Viemos dar Boas Festas
E também cantar os Reis».

Enquanto que as Janeiras cantar-se-iam, essencialmente, desde essa data até ao fim do mês de Janeiro, sendo que o tema das quadras também mudariam um pouco:

«Quem diremos nós que viva,
No ramo da salsa crua,
Viv'à menina da casa
Qu'alumia toda a rua.

Quem diremos nós que viva,
No pêlo do cobertor,
Viv'ó menino da casa
Qu'anda a estudar p'ra dôtor.»

Quem diremos nós que viva,
Nós não queremos ficar mal,
Vivam os patrões desta casa,
Vivam todos em geral.

No final, a porta da casa abria-se e os donos ofereciam fumeiro, nozes, castanhas, vinho, etc.

Quando alguma porta não se abria, todos diziam em uníssono: «Esta casa cheira a unto; morreu aqui algum defunto» ou então quando mais brutos «Esta velha rabugenta não tem nada que nos dar; só tem uma arca velha onde os gatos vão cagar» .



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