Outubro
Estamos no outono e nem era preciso ir ao calendário para ver que o verão já lá vai. O tempo mudou, já está fresquinho, e finalmente começaram a aparecer as primeiras chuvas. Estávamos a chegar ao equinócio de setembro, quando o dia é igual à noite, ainda sufocávamos com o calor e olhávamos para Portugal a arder com tantos incêndios, e apareceu a chuva a regar a terra, a apagar esses incêndios, a dar outra cor às oliveiras, aos castanheiros e a todas as árvores. Sementaram-se os nabais, viram-se crescer as couves dum dia para o outro. A água, dizemos nós, é o sangue da terra, sem ela não podíamos viver. Bem podem vir os meninos e meninas da cidade a dizer nas televisões e rádios que chegou o mau tempo, que a nós não nos enganam. Estes dias de chuva é que trouxeram o bom tempo.
Agora já podemos começar a pensar nas castanhas, nas línguas de vaca, frades e outros cogumelos, nas alcaparras que não tarda já se podem fazer, com a azeitona a ficar gordinha, carnuda. Qualquer dia começamos também a pensar em acender o lume, o frio já anda por aí a rondar. Temos que ir à procura dos casacos, camisolas e tudo o resto que lembra o frio.
Mudou-se o ciclo, passámos do calor para o frio, do verão para o outono, dos dias grandes e noites pequenas para os dias pequenos as noites grandes. Na nossa latitude é assim, noutras já não é: no equador os dias são sempre iguais às noites, deve ser aborrecido, e nos polos é metade do ano de noite e a outra metade de dia; também não deve ser agradável. Isto é nós a dizê-lo, se calhar quem vive nessas zonas do globo pensa doutra maneira.
Todos somos diferentes e é assim que nos devemos respeitar.
Um abraço para todas e para todos
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Agosto 2024
Este agosto foi bom! Muita gente passou por aqui: benlhevaenses que vivem no estrangeiro, outros que vivem em Portugal, amigos deles, gente de idade, gente de meia idade, novos, crianças; quase parecia um daqueles agostos de antigamente. Agora estamos a regressar ao normal: mais sossego, menos reboliço, uma calma própria do mês de setembro.
Antigamente dizia-se que neste mês ardiam os montes e secavam as fontes. Este ano bem se pode dizer o mesmo, porque não chove há mais de quatro meses. Passámos todo o verão sem ver uma gota de chuva. Felizmente que agora temos mais meios para evitar que sequem as fontes e que ardam os montes. A água já pode vir doutro lado qualquer e os incêndios já são combatidos duma forma rápida e eficaz. Ainda há uns dias houve um incêndio em Roios, parecia o fim do mundo, mas vieram bombeiros, vieram helicópteros, vieram aviões e o incêndio apagou-se em pouco tempo. Em Benlhevai temos tido sorte, há uns anos bons que não há incêndios. Oxalá assim continue.
A seca tem atingido a natureza. As árvores vão sobrevivendo porque o último inverno foi bom, em termos de chuva, mas a fruta cai das árvores ainda sem estar madura, os figos vêm manchados por dentro, os tomates secam antes do tempo, os feijões dão poucas casulas. Bem olhamos para as previsões meteorológicas na esperança de ser anunciada chuva para breve, mas nada. Nem para breve nem para os próximos tempos. Vamos esperar que as previsões se enganem e que num destes dias venha uma chuvinha para salvar a natureza e alegrar os nossos corações. Quem for crente que reze, quem não for que faça qualquer coisa. Precisamos de chuva, e a curto prazo!
Um abraço para todas e para todos.
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Agosto 2024
Cada mês tem as suas características, seja onde for. Em Benlhevai sabemos o que acontece em cada um dos doze meses do ano, com as incertezas que decorrem do clima e da vida. Há meses mais quentes ou mais frios que o normal, vem uma tempestade que nos estraga as colheitas, parte algum de nós, o que é sempre triste e nos põe a enaltecer a união e a criticar a ganância e a desunião. Depois tudo volta ao normal, recupera-se o que se pode dos prejuízos, voltamos a ser gananciosos e unidos ou desunidos como antes. É assim a vida e assim vai continuar a ser.
Em agosto começamos o mês com toda a energia para o tornar alegre, damos abraços a quem nos vem ver, abusamos um bocadinho no que diz respeito ao que se come e ao que se bebe. Se não fosse assim, agosto não era agosto.
É neste mês que há festas por todo o lado, a maior é sempre a da Senhora da Assunção; melhor dizendo: a festa do Cabeço, que sempre foi este o nome que lhe demos em Benlhevai! Antigamente Benlhevai ficava deserto, toda a gente ia ao Cabeço; a pé, pois claro, que ainda não havia estas modernices de toda a gente ter pelo menos um carro. Agora uns vão à procissão, outros só à noite e ainda outros que preferem ir no dia 14 comer um frango assado ou o polvo cozido às barracas que são montadas para o efeito: bancos corridos (nada de cadeiras) e mesas feitas de tábuas simples.
Era um dos melhores dias do ano para o Serafim; comia o polvo para o ano todo (que saudades temos do Serafim…).
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Há uma ano, escrevíamos aqui que o mês de julho tinha vindo ameno; nada de calor como em anos anteriores; os dias tinham sido amenos, as noites fresquinhas. Por essa Europa fora bem diferente, o calor tinha apertado.
Este ano está a ser igual: ameno em Portugal, quente por essa Europa fora. A semana que aí vem é que já vai ser de verão a sério, com temperaturas perto dos 40 graus.
Já estão a começar a aparecer os benlhevaenses que estão noutras paragens, já se começa a sentir o cheiro a agosto. É uma alegria, quebra-se a monotonia do dia a dia, vê-se gente nova, há mais carros, mais animação.
Queremos que julho e agosto continuem a ser os meses dos reencontros, a época ideal para matar saudades, para sentir o cheiro da nossa terra, das nossas raízes.
Um abraço para todos.
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julho 2024
Recebi (José Maria) uma mensagem duma leitora assídua da nossa página. É brasileira, chama-se Edna e tem raízes em Benlhevai. A sua avó, Ermelinda Rebelo, emigrou para o Brasil no início do século XX, já lá vão uns 110 anos. Nunca voltou a Benlhevai, mas a sua neta, a nossa querida amiga Edna, já nos visitou. Conheceu as suas raízes com a nossa ajuda, através da página de Benlhevai e ficou apaixonada pela nossa terra, que afinal também é sua.
Nessa mensagem partilhou comigo a preocupação pela falta de notícias, pela desatualização da página, enfim, pela falta de alegria que daí decorre.
Respondi-lhe com a verdade: nos últimos meses pouco se tem publicado na página, apenas algumas notícias, sobretudo algum nascimento (que é muito raro acontecer), e falecimentos (que infelizmente vão acontecendo mais amiúde).
Vai-se tentando fazer os possíveis para que a página benlhevai.net não morra, mas cada vez vamos tendo mais anos, mais netos, e o desânimo também nos vai atingindo.
No mês de junho não se publicou nada, neste mês de julho já morreu mais um benlhevaense e foi publicada a notícia.
Esta mensagem da nossa querida Edna fez soar as campainhas de alarme, e é altura de dar conta da paralisia que está a ter esta nossa página, para ver se alguém reage. Vamos ver.
Um abraço para todos.
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maio 2024
“- Guarda o melhor cepinho para o mês de maio!” ou “em maio comem-se as cerejas ao borralho”, são ditados que se aplicam na perfeição a este mês que já vai quase a meio.
As hortas estão à espera de sol e calor, as oliveiras estão à espera que termine o frio e nós estamos à espera que comece a cheirar a verão, para festejarmos como deve ser a nossa festa do Divino Espírito Santo, que é já neste fim de semana de 18 e 19.
Até lá, vamo-nos deliciando com a natureza vestida de amarelo vivo, a flor das giestas que cobrem uma grande parte do nosso termo.
Um abraço para todos.
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Abril é o mês das flores de giesta, esteva, urze, carqueja e alecrim; das árvores que neste mês se vestem de flor – pessegueiros, macieiras, pereiras ou cerejeiras; de outras acabadas de nascer e que só morrerão daqui a muitos anos ou séculos e também de outras que estão a morrer e que foram plantadas pelos nossos antepassados.
Abril é o mês da Liberdade, o mês dos cravos vermelhos, o mês dos sonhos. É o mês do Zeca Afonso, o mês em que milhares de mulheres e homens gritaram “Vitória!” e “Liberdade!” dezenas, centenas, milhares de vezes. O mês em que essas mulheres e homens cantaram “Grândola, Vila Morena” até a garganta não poder mais.
Abril é o mês em que o futuro do mundo esteve ao alcance das nossas mãos, em que tivemos a ilusão de o moldar de acordo com os nossos sonhos.
Abril será sempre Abril!
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Fevereiro 2024
O tempo num anda bô; já não caem geadas de jeito, o frio desapareceu e a neve é uma recordação dos mais velhos, que os raparigos de agora nunca a viram em Benlhevai. Não sabem, por isso, o que é a pelotada, o que é ver as pitas cegas com a neve, o que era ir pelo termo fora com tudo branquinho, à procura do rasto dos coelhos para poder apanhar algum, o que não era difícil, pois eles tinham dificuldade em fugir na neve.
Há uns anos atrás, por esta altura do ano, andávamos engranhados pelas ruas, a soprar nas mãos para as aquecer, o bafo a sair-nos da boca, a ver os pingorelhos pendurados nas telhas. Hoje andamos em mangas de camisa e fugimos ao sol para não nos constiparmos.
O frio que caía entrava pelas casas adentro, pelas telhas, pelas frinchas das portas e das janelas. A lenha era pouca, o cereal ocupava todos os metros quadrados do termo. A roupa, sabe Deus, não havia os luxos de agora. Por cima da cama punha-se uma manta de farrapos, que os cobertores que o senhor Raul vinha cá a vender não eram para todas as carteiras. Mesmo assim ninguém tinha medo ao frio.
Hoje vivemos no céu. Quem viveu esse tempo não o pode querer de volta.
Um abraço para todas e todos!
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Janeiro 2024
Aí está o novo ano! Há 2024 anos que nasceu o Menino Jesus, é este número que fica nos registos.
Como estamos a escrever na página de Benlhevai, podíamos pôr aqui o número de anos em que Benlhevai está registado, quer dizer, desde que ficou escrito o seu nome nas Inquirições do rei D. Afonso III, em 1258 e ninguém nos levaria a mal se, na passagem de ano, desejássemos uns aos outros um Bom Ano de 766!
Depois desta brincadeira, vamos ao que interessa: o Natal correu bem, a fogueira foi valente, como sempre, vieram cá muitos benlhevaenses espalhados pelo país e pelo mundo fora e a passagem de ano foi especial! A Olímpia (do Sérgio) botou mãos à obra e organizou uma festa na Casa do Povo. Houve muitas inscrições, éramos à volta de cem pessoas: uns de Benlhevai, outros da Roménia, outros doutros lados. Foi uma passagem de ano de arromba!
Benlhevai é assim!
Estamos, como todas as aldeias do interior, a perder gente, somos cada vez menos, mas temos cá dentro esta genica de não deixar Benlhevai morrer. Muitos dos benlhevaenses que vivem fora, seja em Portugal ou no estrangeiro, preocupam-se em transmitir aos filhos e aos netos este amor pelas origens, pela terra onde nasceram.
É este louvor que queremos deixar aqui, a todos os que trazem sempre Benlhevai no coração, desejando a todo o mundo um Ano Novo cheio de saúde e paz.
Um abraço para todas e todos!
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Dezembro é o mês do Natal, da matança do reco, dos rijões, do fígado, das costelas curadas no adobo, dos pinhões, do abre e dá-lhas, do par e pernão, do bacalhau, dos trochos, do polvo, dos bolos de gerimonde, da fogueira do Natal, da missa do galo e do Menino Jesus.
Os versos duma cantiga portuguesa dizem que o Natal é quando um homem quiser. A Fraternidade, a Paz, o Amor entre os seres humanos, a União das famílias. É isto o Natal. Esses versos querem dizer que estes sentimentos não deviam ser lembrados apenas no Natal, mas em todos os dias do ano, em todos os dias de todos os anos.
Não é assim. O mundo não é assim. Mas devia ser!
Neste mês de dezembro de 2023 grassam a hipocrisia e a guerra por esse mundo fora. No meio dessa tempestade há um português a lutar contra essa hipocrisia e essas guerras. É português, é um dos nossos, é o Secretário Geral das Nações Unidas. Chama-se ANTÓNIO GUTERRES. Assim, com letra grande!
Um abraço para António Guterres, outro para todas e todos os portugueses!
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As castanhas estão pelas rabeiras; as primeiras que caíram estavam abladas e os ouriços não abriam, era o calor. Depois veio a chuva, ainda veio a tempo, vem sempre, e o resto da campanha não foi mau, já caíam como deve ser, já eram grandinhas, só que a maior parte delas vinha bichosa. O tempo anda maluco e a culpa é nossa.
Não tarda vem aí a azeitona, que no geral também não é muita, o que quer dizer que o azeite vai continuar com preços malucos. A seguir vem o Natal e este ano estamos à espera que o Menino Jesus nos traga uma prenda. Andam a pôr uma antena grande na Cabeça Gorda e estamos à espera que venha a melhorar a rede dos telefones, telemóveis e internet. Antigamente não havia nada disto, mas hoje em dia já não conseguimos viver sem essas coisas. O mundo evoluiu, estamos espalhados por toda a parte e estamos permanentemente em contacto uns com os outros.
Um abraço para todos
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Setembro trouxe-nos chuva, para alegria de todos, outubro começou e continua com sol e calor, o que não é nada bom. A azeitona está com sede e as castanhas estão a morrer do mesmo mal; os ouriços não abrem, a castanha está ablada, enfim, estava tudo bem encaminhado para termos uma boa colheita e de repente fica tudo estragado. As previsões apontam para um fim de semana de chuva, dias 13, 14 e 15, vamos ver se ainda vem a tempo.
Estamos a viver tempos difíceis, no que ao clima diz respeito. Os castanheiros estão a morrer a um ritmo muito acelerado, devido à falta de chuva e principalmente à falta de frio; as laranjeiras estão a morrer no termo de baixo, porque já é demasiado quente, e temos que as plantar no termo de cima; as oliveiras estão a sofrer do mesmo mal. Já não temos nascentes de água pelo termo fora, como antigamente, os animais não têm água para beber; já não há coelhos e perdizes, porque já não há cereal e hortas para se alimentarem; os lobos fugiram, já não têm ovelhas para comer; deram lugar aos javalis, animais que se dão bem com os silvedos e o monte que se desenvolve nos terrenos que não estão cultivados; não temos lagartos, as lagartixas estão também em vias de extinção.
Para onde vamos?
Devemos pensar seriamente nestes problemas, tentar encontrar uma solução que nos impeça de caminhar para o abismo. Seremos capazes de o fazer?
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Está a começar bem o mês de setembro; depois de muito tempo sem chover, o primeiro domingo trouxe-nos uma tarde de chuva, para alegria de toda a gente. Os castanheiros, as oliveiras e todas as outras árvores bem a agradecem; as hortas também, principalmente as couvinhas e a terra para o nabal.
O mês de agosto já lá vai, quem nos veio visitar já regressou a sua casa. Ainda há por cá alguns resistentes, mas poucos. Agora vem aí o tempo calmo, os dias a sucederem-se aos anteriores sem nada de relevante a acontecer; enfim, Benlhevai está a sofrer do mesmo mal das outras aldeias: cada vez menos gente, os que cá estamos cada vez mais velhos, a agricultura a diminuir a um ritmo muito acelerado. Nas próximas décadas o mundo rural corre o risco de desaparecer. Haverá remédio para este mal?
Um abraço para todos.
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Agosto era, por tradição, um mês mais fresco; nas noites a seguir à festa do Cabeço já se começava a agradecer um casaquinho. Este ano é ao contrário, está a vir agora o calor e, com ele, os incêndios por esse Portugal fora.
Agosto é sempre agosto, e já se nota mais movimento, mais gente, mais animação. Nada como antigamente, quando os emigrantes vinham e assentavam arraiais para todo o mês. Os tempos mudaram, os emigrantes são outros, os das novas gerações, e as férias deles já se repartem por outros destinos turísticos. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. É assim a vida e assim é que está bem. Em Benlhevai queremos que continuem a passar por cá, um dia que seja, para sentir o cheiro da terra, das nossas raízes, para darmos um abraço que nos reconforte para um ano de ausência.
Agosto será sempre agosto, enquanto houver benlhevaenses por esse mundo fora e benlhevaenses a viver aqui. Benlhevai é de todos nós, não só dos que aqui nascemos, mas também dos que aqui casaram ou dos que aqui têm amigos. É grande que chegue para todos sermos donos dum bocadinho, pequenino que seja, da grande alma de Benlhevai.
Um abraço para todos.
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Julho 2023
Depois da tempestade, veio a bonança; passaram as trovoadas e acabou por vir o tempo normal desta época, isto é, o calor. Como dissemos no mês passado, em Benlhevai até não foi grande a desgraça; noutras terras sim, houve prejuízos e grandes. Por cá houve uns alagamentos, nalguns sítios a água arregatou as terras, ainda chegou a cair granizo nalguns sítios, mas no final podemos dizer que a desgraça foi bem menor do que noutras aldeias. Todos queríamos sol na eira e chuva no nabal, mas a realidade é outra; contudo, também ficaram coisas boas da água que caiu: temos muita batata, muita fruta, o ano até nem está a ser mau.
Agora veio o verão, já temos calor a condizer. Não tarda, começam a aparecer os primeiros benlhevaenses que vivem noutros países e que, todos os anos por esta altura, assentam arraias em Benlhevai, para alegria deles e nossa. O verão tem coisas boas, esta é uma delas.
Um abraço para todos.
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Junho 2023
Maio acabou debaixo de chuva e trovoadas e junho começou da mesma maneira. Há duas ou três semanas que chove todos os dias: nalguns de noite, noutros de manhã, na maior parte deles à tarde. Maio foi sempre o mês das trovoadas, mas caíam duas ou três; este ano não, parece que o S. Pedro se tinha esquecido delas, estavam lá amontoadas, e mandou-as cá para baixo todas duma vez. As primeiras foram bem-vindas, a chuvinha que trouxeram bem falta fazia, mas depois veio mais uma, mais duas, mais três, e agora já é demais. As batatas estão alagadas, correm o risco de apodrecer na terra, os tomates estão debaixo da terra das enxurradas, os pimentos, pepinos, repolhos, salada, estão como os tomates. Noutra aldeias ainda tem sido pior: enxurradas que destroem tudo o que lhes aparece à frente, granizo que destrói vinhas, pomares de macieiras, enfim toda a fruta que está agora pequena, tenrinha. Tem sido uma desgraça! Em Benlhevai, felizmente, ainda não houve situações dessas.
Vamos falar, mas é, de coisas mais agradáveis: no fim de maio tivemos a nossa festinha. Não foi tão animada como a dos últimos anos, desta vez a juventude não esteve na organização, mas tivemos procissão, banda de música e no sábado um conjunto que fez os possíveis por animar os poucos que estavam no Terreiro. Mas ainda animou!
Agora temos todo o mês pela frente, vêm aí os Santos Populares: Santo António, São João e São Pedro. Esperemos que nos tragam sardinha da boa e umas merendas para os celebrar.
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Maio 2023
Maio é o mês da festa do Divino Espírito Santo; há anos em que a Páscoa vem alta, o que quer dizer que vem mais tarde e se contarmos sete semanas a seguir, já a festa calha em junho. Este ano é em maio, no dia 28. Ainda não sabemos como vai ser, logo se verá; de qualquer maneira, haverá sempre missa, procissão, banda de música, cerejas e as primeiras batatinhas, as que se puseram em fevereiro, nas hortas mais abrigadas.
Maio também é mês de flores: de giesta, de urze, de alecrim, de esteva, de carqueja, enfim, é uma explosão de flores e cores, cuja beleza não se pode descrever em palavras, só vendo. Benlhevai está cheio de flores.
Maio também é mês de azáfama para os pássaros: na construção dos ninhos, no namoro, nos ovos, nos passarinhos. As andorinhas têm urgência nesse trabalho, precisam de fazer duas criações. Se o tempo corre de feição, em vez de duas são três, desde que a última permita que as que nascem estejam com robustez suficiente para na segunda semana de outubro se fazerem à viagem, que é longa, uns milhares de quilómetros.
Maio é um mês especial (os outros também o são), porque o estamos a viver, sempre com a esperança de podermos dizer o mesmo no ano que vem. Assim seja!
Um abraço para todos.
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Abril 2023
Abril, o mês em que a natureza irrompe com todas as flores e cores. É o mês da liberdade, em que festejamos o fim da ditadura e a entrada de Portugal no grupo dos países onde a democracia permite a cada um de nós expressar livremente as suas opiniões, escolher quem queremos para governar, votar noutros se os que tínhamos escolhido não correspondem aos nossos anseios. Democracia exige de cada um de nós o dever de exercer o direito de cidadania. Nunca devemos desculpar-nos com os outros, as decisões são nossas!
Por cá continua tudo bem. Na agricultura é tempo de lavrar as terras, de começar a pôr as hortas, de cortar a erva, que neste ano cresce a cada dia que passa. É bom sinal, quer dizer que as terras têm humidade, fruto do outono que nos trouxe água com fartura.
O primeiro domingo deste mês é o Domingo de Ramos, uma semana a seguir já se comem os folares. Começa bem o mês, esperemos que acabe tão bem ou melhor.
Um abraço para todos.
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Março 2023
Ora cá temos a chuvinha de março e já era precisa. É altura de lavrar as oliveiras, preparar a terra para as hortas e as terras, à superfície, já estavam a ficar secas. Nestes dias que aí vêm não vai haver mãos a medir. Tratores, sachos e outras ferramentas, vão ter que fazer!
Cá tivemos o Entrudo, calminho como têm sido os últimos, mas sempre com alguma animação. Há sempre alguém que quer remar contra a maré e são essas pessoas que vão mantendo viva a tradição. Até no dia da batida aos javalis, que juntou uma multidão de gente em Benlhevai, os entrudos fizeram festa. Em Benlhevai ainda vai havendo animação.
Oxalá continue a ser assim.
Um abraço para todos.
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Fevereiro 2023
Em janeiro dizíamos aqui que o ano estava a ser bom porque choveu muito no outono e que o que precisávamos em janeiro era frio e geadas. Pois assim tem sido! Frio que chegue e geadas em abundância. O outono e inverno estão a ser à moda antiga, esperamos que a primavera não lhes fique atrás.
Quanto ao resto, Benlhevai continua calmo, cada vez mais calmo. Alguns benlhevaenses vão morrendo, outros, em consequência da idade avançada, vão saindo para instituições ou para casa dos seus familiares e não há meio de haver quem nasça por estes lados. Por isso, somos cada vez menos, as casas vão ficando vazias, as ruas desertas. Não se vislumbra um sinal de mudança!
Fevereiro é mês de Entrudo, pode ser que algo aconteça para quebrar a monotonia que está a paralisar.
Assim seja!
Um abraço para todos.
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Janeiro 2023
Mais um ano que começa. Desta vez acabou e começou com chuva. Já correm os ribeiros todos, os terrenos estão encharcados, é uma beleza. Precisamos agora de geadas para serem um outono e inverno como antigamente.
A passagem de ano foi animada, houve fogo de artifício e tudo. No dia 1, comemos e bebemos, este ano foi um porco no espeto (e que bom que estava). Foi o tradicional convívio no Terreiro, desta vez tivemos que nos abrigar da chuva na placa dos poços de lavar.
Neste início de 2023, aproveitamos para desejar a todos os benlhevaenses e aos outros também, um excelente ano; que nos dê saúde, paz, e que possamos ao longo do ano realizar todos os nossos sonhos.
Um abraço para todos
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Dezembro 2022
Há um ano queixávamo-nos da seca. Não chovia e adivinhava-se um ano mau para a agricultura. Dizíamos nós que iríamos ter pela frente um ano de pouca fruta, poucas batatas, poucos feijões, árvores a morrer à sede, menos água nas terras e nas torneiras. Assim foi!
Este ano, felizmente, o tempo é outro. Estamos a ter um outono como já não se via há muitos anos, com chuvinha a sério. Os ribeiros ainda não correm, mas por este andar ainda vamos ouvir o ribeiro do Ribeiral.
Como é costume nesta altura, anda tudo à azeitona. Este ano há pouca, consequência da terrível seca do último ano, mas lá se vai sentindo o barulho das máquinas.
Dezembro, é tempo de Natal. Está aí à porta e com ele o tradicional ambiente de paz, solidariedade, amor.
Dezembro é o mês do amor! Celebremo-lo como deve ser, com amor!
Um abraço para todos
Exposição de Pintura e Artesanato
Abriu domingo, 7 de Agosto de 2011, a primeira exposição de pintura e artesanato de Benlhevai.
A ideia nasceu na página da internet “Benlhevai.net”, foi posta à consideração da Associação Cultural e Desportiva de Benlhevai, e facilmente se arranjaram os meios para a concretizar.
Finalmente foi dada a oportunidade aos artistas de Benlhevai para mostrarem os seus trabalhos na sua terra, e ao público de para poder apreciar a qualidade dos seus trabalhos.
No dia da abertura o número de visitas ultrapassou a centena, e é unânime a opinião de que a qualidade dos trabalhos é excelente, e que a ideia de fazer esta exposição é de louvar e é para continuar.
Assim será!
Amigas e Amigos,
Mais um balanço, agora que a nossa página já tem cerca de mês e meio.
Com tantas visitas, com tantas ajudas e com tanto entusiasmo, podemos dizer que ainda usa fraldas e já anda, já fala, já corre.
No mês de Junho recebeu 775 visitas, e por isso anda feliz da vida.
Como se disse e nunca é demais repetir, esta página é de todos nós, qualquer que seja a ligação que tenhamos a Benlhevai. Estamos todos de parabéns!
Amigas e Amigos,
A nossa página já tem duas semaninhas. Ainda é uma criança, mas como foi um nascimento muito desejado, têm sido muitas as visitas a este bebé. Na primeira semana recebeu 377, isso mesmo, trezentas e setenta e sete visitas. Mas não se cansou, pelo contrário, ficou toda contente e quer continuar assim, a ser visitada por muita gente.
A partir de agora é no dia 11 de cada mês que vamos mudar-lhe a roupa, quer dizer, introduzir todos os elementos que formos arranjando e os que nos forem mandando nesse período.
Como se disse na abertura, esta página é de todos nós, qualquer que seja a ligação que tenhamos a Benlhevai. Vamos tratar dela com todo o carinho, vê-la muitas vezes, ajudá-la a crescer.
Amigos,
Esta página foi pensada há uns meses por quatro entusiastas destas coisas que têm em comum, para além de muitas outras coisas, o facto de gostarem da sua terra, Benlhevai.
Esta página destina-se a todos os que nasceram em Benlhevai, a todos os que residem ou já residiram em Benlhevai, a todos os que já passaram um dia por Benlhevai, a todos os que por um motivo ou outro têm Benlhevai no coração.
Vamos levar o nome de Benlhevai a todo o mundo, e assim podemos dizer que esta página se destina a todos os cidadãos do mundo.
Com esta página queremos aproximar todos os cidadãos de Benlhevai. Queremos fazer com que seja possível darmos um abraço, os que estamos em Benlhevai ou fora dele, por este Portugal inteiro ou por este mundo inteiro, em França, no Brasil, no Luxemburgo, na Venezuela, na Bélgica, na Suíça, em Espanha, na Itália, seja onde for.
Benlhevai é do tamanho do mundo e queremos juntá-lo com esta página.
Vamos encher esta página de fotografias, notícias, histórias, umas verdadeiras e outras daquelas que os nossos pais e avôs contavam, com alguma fantasia pelo meio. Vamos contar a história de Benlhevai desde o seu nascimento, há muitos séculos atrás, até à actualidade.
Vamos também falar de coisas tristes, dos que já nos deixaram, daqueles que construíram Benlhevai. Vamos falar de nós, os que estamos vivos, do que já fizemos e sobretudo do que temos que fazer para continuar essa construção.
Vamos dar notícias de Benlhevai, em cima da hora. Quem falecer, quem nascer, quem se casar, e outras notícias que sejam de interesse. Os jornalistas vamos ser todos, nós que escrevemos, vós que ides ler. Quem tiver uma notícia, mesmo que pense que não é importante, por favor mande-a. Nós vamos publicá-la.
Vamos falar de Benlhevai, espalhar o nome da nossa terra por esse mundo fora.
Um abraço para todos vós,
Sérgio Sousa, José Maria Fernandes, Adriano Macedo e Adalberto Teixeira