Benlhevai

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10 – O fim da 1ª República, Salazar, a Segunda Grande

Guerra, volfrâmio e o barulho com a Guarda


Vamos voltar então aonde íamos, aos tempos da primeira República, em que esta se perdia em golpes e contra-golpes, sublevações militares, um permanente ambiente de conspiração. Houve até um interregno ditatorial, com Sidónio Pais de 28 de Abril a 14 de Dezembro de 1918. Os presidentes não conseguiam cumprir os seus mandatos, dos 8 presidentes que teve a primeira República, apenas um o cumpriu integralmente, António José de Almeida, de 1919 a 1923.

O primeiro, Manuel de Arriaga, demitiu-se, o segundo, Teófilo Braga, termina-lhe o mandato, o terceiro, Bernardino Machado, sofre um golpe de estado, o quarto é o tal Sidónio Pais e foi assassinado no mesmo ano em que tinha chegado ao poder, o quinto, Canto e Castro, termina-lhe o mandato, o sexto é o já citado António José de Almeida, o sétimo, Manuel Teixeira Gomes, resignou a meio do mandato, e o oitavo volta a ser Bernardino Machado, que teve a mesma sorte que tinha tido na outra vez, sai em consequência do golpe de estado de 28 de Maio de 1926, de má memória.

Se os presidentes duravam pouco, os governos ainda duravam menos. Em 16 anos de república houve 45 governos, e assim não há república que resista. Não admira que as finanças do país se degradassem ano após ano, e a fome fosse aumentando por esse Portugal fora, dando lugar primeiro ao desânimo, depois à revolta. Estavam criadas as condições para um golpe de estado. Veio a acontecer em 1926, e logo a seguir, em 1933, é institucionalizada a ditadura com a constituição elaborada para esse fim.

As ditaduras nascem do caos. O descontentamento é aproveitado pelos ditadores para conseguir conquistar o poder sem oposição do povo. A reposição da ordem até é bem vista. Os discursos inflamados dos ditadores, o populismo, a invenção dum inimigo, a instigação do ódio a esse inimigo, a manipulação das multidões, tudo isto serve para adormecer o povo. Põe-se ordem nas finanças, isto é, aumentam os impostos, diminuem as despesas do estado, reprime-se violentamente qualquer voz contrária a esta política. Os ricos ficam mais ricos, os pobres ficam mais pobres, as finanças do país são compostas, isto é, as finanças das famílias que dominam a economia ficam em ordem, e em ordem fica o Povo Português, paralisado, reprimido, amordaçado, na fome, na miséria e no isolamento em relação ao mundo.

É o tempo em que estas ditaduras ganham terreno na Europa. Hitler ganha as eleições na Alemanha, transforma o sistema político, instaura a ditadura, e encontra na Itália de Mussolini, na Espanha de Franco e em Portugal de Salazar, os parceiros ideais para espalhar as suas ideias racistas, anti-semitas, e fascistas.

Em Benlhevai vão-se sentindo os efeitos destes ventos. A conquista do poder por Franco em Espanha, depois duma guerra civil (1936 – 1939) que deixou o seu território repleto de mortos, muitos por sepultar, trouxe uma nova epidemia, que em Benlhevai também chamaram pneumónica, e que matou muitos dos filhos da nossa terra.

Terminada a guerra civil em Espanha, começa a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). A Alemanha de Hitler começa a estender o seu domínio aos países vizinhos, deixando sempre um rasto de destruição e morte. Calcula-se que tenham morrido nesta guerra entre 50 a 70 milhões de seres humanos, muitos deles torturados e mortos nos campos de concentração, pelo simples facto de serem judeus, ciganos, ou de outras raças que não pertenciam àquela que Hitler considerava pura, a sua, a ariana. Rapidamente esta guerra se estendeu a todo o mundo, com a Itália e o Japão a aliarem-se à Alemanha. Na Península Ibérica, Portugal e Espanha, embora politicamente próximos de Hitler, foram oficialmente considerados países neutrais, não beligerantes. Era pois aqui o terreno propício para se jogar muito da espionagem política, económica e militar de ambos os lados da guerra.

Eram tempos de guerra, e a economia também era por ela influenciada. Uma das matérias primas que ganhou peso com a indústria militar foi o volfrâmio. Em Portugal havia já uma exploração significativa, que viria a ser intensificada durante este período da II Guerra Mundial.

Em Benlhevai, ainda antes do início da guerra, diz-se que por acaso, numa camarada de segadores veio o senhor Bernardino, pai do Joaquim de Sanfins e da senhora Antónia. Lá para os lados da sua terra, Sanfins do Douro, já se começava a explorar o volfrâmio. Ora, lá para a Rijada, zona de Benlhevai onde posteriormente viria a ser explorado este mineral, andava a segar o centeio a camarada de segadores onde estava o senhor Bernardino, que se admirava de ver à flor da terra os seixos com aquele minério incrustado que ele suspeitava ser volfrâmio. No fim das segadas desse ano leva uma amostra para a sua terra, e mostra-a ao senhor Vilela, que negociava já este e outros minérios. “É mesmo volfrâmio, e do bom!” disse o Vilela, e aí vêm eles para Benlhevai. Instalaram-se no Areal, na casa dos Nestores, que na altura estava disponível para alugar.

Trouxeram as ferramentas necessárias à exploração, e o negócio começou a prosperar. Exploravam-no livremente, os donos da terra não se importavam, e lavavam-no no nascente da Fonte Botelha. Cativavam os lavradores, os pastores e outros que lhes levavam os seixos com volfrâmio a troco da partilha da sua merenda ou um copo bem fresquinho. Era com facilidade que estes encontravam o volfrâmio, ao lavrar ou simplesmente com uma mexedela nas pedras daquela zona do Carvão e Rijada. Qualquer rebolo tinha volfrâmio. Assim foi passando o tempo até que a Segunda Guerra Mundial aumentou ainda mais a importância deste mineral, que é imprescindível para o fabrico de carros de combate, armas e munições. Estava lançada a correria ao volfrâmio! A exploração artesanal dos Vilelas ia acabar, chegava a empresa Burnay, concessionária oficial do volfrâmio.

Numa primeira fase, é a Alemanha que é privilegiada com o volfrâmio português. Com o início da guerra na frente leste, em 1941, a Alemanha deixa de receber volfrâmio da Coreia, que era a sua fonte principal de abastecimento. Vira-se então para Portugal, e o comércio do volfrâmio português ganha dimensões nunca esperadas, uma vez que os ingleses também o disputam. Salazar tenta jogar com os dois lados, e nesta altura faz um acordo com Hitler comprometendo-se a fornecer 3.000 toneladas anuais de volfrâmio, a uma média de 250 toneladas por mês, a 150 escudos o quilo. Em troca, receberia dez mil toneladas de sulfato de amónio, 300 vagões de caminho de ferro de 15 toneladas, tambores e máquinas e 60 mil toneladas de ferro e aço a preços de antes do início da guerra.

A Grã-Bretanha, velha aliada de Portugal, vê-se posta de lado, e tenta controlar a produção de volfrâmio em Portugal, não só a das minas legais como tentando comprar o minério do mercado negro, que chegou a estar a valores que variavam entre 500 e 1.000 escudos o quilo, uma verdadeira fortuna para a época. Em Março de 1942 a Inglaterra e os Estados Unidos impõem um bloqueio económico à Península Ibérica. A divisão e destino dos produtos, o controlo de excedentes e a sua exportação ficam agora na posse dos ingleses. Nenhum produto pode ser importado ou exportado por Portugal, mesmo que seja para as suas colónias, sem prévia autorização britânica. Salazar resistiu como pôde ao embargo que é fatal para o seu negócio com a Alemanha. No entanto o evoluir da situação na guerra faz com que a Inglaterra pressione ainda mais Portugal, e finalmente em 1944 as relações entre a Alemanha e Portugal chegam ao fim. No dia 3 de Junho desse ano Salazar responde afirmativamente ao pedido inglês do corte com a Alemanha, e a 12 de Junho é decretado o encerramento geral das minas de volfrâmio e o fim das exportações para a Alemanha. Internamente, a medida é publicitada como uma prova de fidelidade à aliança com a Inglaterra.

No fim da guerra a questão do volfrâmio acaba, a par da questão dos Açores, por servir os interesses portugueses e do regime, constituindo-se mesmo como o motor da economia portuguesa. Os negócios de guerra encheram de ouro os cofres do Banco de Portugal.

Salazar tinha dito solenemente, no início da guerra:

“Um ponto é para nós assente! Não faremos da guerra um negócio, e este princípio dominará as relações de Portugal com os países estrangeiros, se também assim procederem para connosco”.

Pura mentira! O volfrâmio foi um negócio de guerra, que acabou por beneficiar, e de que maneira, a economia portuguesa, para benefício de Salazar. O sangue das vítimas da guerra, a destruição da Europa e de outras partes do mundo, foi também feita com o minério que saiu das entranhas da nossa Rijada e do nosso Carvão. O dinheiro que abundava em Benlhevai e por todo o Portugal onde havia exploração de volfrâmio, vinha direitinho da guerra, vinha manchado de sangue e com cheiro a morte.

Voltemos então a Benlhevai!

Técnicos da empresa Burnay, que como já se referiu, tinha nesta região a concessão das minas, chegaram a Benlhevai, ocuparam as terras que muito bem entenderam e trouxeram a GNR para manter a ordem, isto é, para os guardar. Os homens e mulheres de Benlhevai e a seguir os das aldeias vizinhas, exploravam o volfrâmio, sendo revistados à entrada e à saída da zona de exploração. Entravam nas minas por sua conta e risco, seguiam os filões, separavam o volfrâmio dos seixos onde estava incrustado, as impurezas que saltavam eram lavadas no ribeiro, nuns crivos onde era separado o minério da terra e de outras impurezas, e depois iam vendê-lo obrigatoriamente a esta empresa Burnay.

Havia, como há sempre em negócios de matéria prima tão cara, o mercado negro, negócio com o minério que vinha escondido e passava pelos seguranças. Entre o minério que exploravam legalmente e aquele que se desviava dos circuitos normais, faziam-se fortunas em pouco tempo. Havia ainda quem conseguia vender seixos como se de minério se tratasse, dizem que era só rijá-los numa sertã, e ficavam com a cor do volfrâmio. Era uma autêntica correria ao ouro negro lá para os lados da Rijada e Carvão. Começou-se a viver à grande e à francesa, a gastar à tripa forra, a comer bem, a vestir melhor, a jogar fortunas na batota, e não havia pulseira ou relógio que escapasse aos vendedores que apareciam aos montes.

Conta-se que um dia alguém foi a Mirandela comprar um fato. Um custava 200 escudos, pareceu barato, não o quis; outro custava 300 escudos, não o quis, queria um mais caro; o comerciante trouxe outro, disse que era o mais caro que tinha. Custava 1.000 escudos, uma fortuna, basta dizer que era mais que o ordenado do mês duma professora.

“É esse mesmo que eu quero!”

Afinal trouxe o primeiro que lhe tinha sido mostrado.

Com estas e com outras, no fim do minério, nada ficou, esse dinheiro que de repente apareceu, de repente se esfumou. Parece que foi obra do diabo! Poucos foram os que passaram ao lado desta loucura, e que ficaram com algum desse dinheiro. Apenas alguns que negociavam em qualquer coisa, nem que fosse em dinheiro, emprestavam 100 e ficavam logo com 10 de juros à cabeça, mais um ou outro que não era gastador, que não tinha feitio para essas coisas. Todos os outros ficaram como estavam antes, muitos deles ainda pior, com uma mão à frente e outra atrás.

Como era um bem precioso, a vigilância da GNR era apertadíssima. E tão apertada era que Benlhevai se sentia sufocar e a ser roubado ao mesmo tempo. “Vêm para cá estes figurões do Burnay, bem comidos e bebidos, melhor vestidos, chegam aqui e é tudo deles! Ainda por cima trazem os guardas, fazem o que querem de nós! Para pagarem assim o minério quanto é que eles não ganham?...”. A tensão ia aumentando de dia para dia. Os excessos da autoridade que tinha o poder absoluto e discricionário, os exageros da vigilância, a forma como homens, mulheres e crianças eram revistados e humilhados na sua própria terra, iam tornando a situação cada vez mais tensa.

Não admira assim que certo domingo, corria o mês de Fevereiro de 1942, os ânimos se começassem a exaltar. No sóto do Eduardo Sousa, cá fora na rua ou sentados no muro, havia muita gente a fazer o que em todas as tardes de domingo se fazia, a conversar, a beber um copo, uns a contar histórias, outros a ouvi-las, o Cordeiro no seu cantinho, a esfolar a verga para as cestas, cantando uma das suas cantigas. Andavam também por ali dois guardas, rua à frente, rua atrás, a tratar da segurança. Todos cheios de proa, cabeça levantada, a arreganhar os dentes, peito cheio de vento, a espingarda bem visível, para todos saberem quem manda. “Hom’esta, tudo aqui na boa harmonia, que é que estes andam aqui a fazer? Lá no Carvão, ainda estou com’ à conta, agora aqui… Isto é mesmo a fazer pouco de nós!” Entre as conversas começa um zum zum, “isto não está certo, na nossa terra e não nos deixam sossegados, era fazer e acontecer, por mim era já agora, pelo meu lado também não arreia”. O tom das conversas vai aumentando, os guardas desconfiam, já andam com a mão agarrada à espingarda. O zum zum vai dando lugar a exclamações de incentivo, o barulho aumenta.

Subitamente o Cordeiro deixa de cantar, todos se calam. Não foi nada combinado, mas de repente fica no ar um silêncio aterrador. Todos olham para os guardas, estes sentem que algo pode acontecer a qualquer momento. Param, ficam de costas um para o outro para verem bem todos os movimentos. O silêncio vai-se mantendo, é insuportável. Mais próximos dos guardas estão o Zé Medeiros, o Avelino Morais, o Francisco Gonçalves, que é como quem diz, o Monçalbarga, o Zé Leite, o filho Francisco, o Salustiano, o João Pedreiro, o Alberto Azevedo, o Dinis. De repente quebra-se o silêncio, cai sobre todos aquela voz forte, decidida do Hipólito:

A água corre ao fundo,

A areia ao fundo vai;

Rapazes vamos a eles,

Que o minério é de Benlhevai!”

Um guarda pergunta com voz autoritária:

“Quem é que falou?”

Imediatamente o Zé Medeiros responde com toda a convicção:

“Fui eu, senhor guarda, porquê?”

O guarda avança para ele, baioneta em riste, o Zé Medeiros lança-se também a ele, rebolam pelo chão. O Zé Medeiros, um homem corajoso e valente como poucos, domina o guarda. O outro guarda recua para o fundo da ladeira, empunha a espingarda, assustado. O Avelino Morais vai em direcção a ele, este ameaça que vai disparar, o Avelino avança, e ao chegar junto ao guarda põe-lhe uma mão na ponta da espingarda e bate-lhe com a outra, onde trazia uma pedra escondida. Este dispara um tiro, cuja bala passa entre os que estavam na ladeira e vai bater no pé do Daniel Gama, que estava em cima, ficando alojada junto ao calcanhar. Consta-se que quase lhe deu o fanico. Chega a segunda vaga, cai sobre os guardas, o Alberto Azevedo, o Monçalbarga e todos os outros. Novo tiro, este entra pelo sóto adentro e vai furar um rolo de fazenda. Entretanto o Dinis, rapazote, foi-se aos sinos e tocou a rebate. No barulho ouvem-se mais tiros, que vão bater na parede do sóto. Felizmente não atingiram ninguém, deixam só a parede toda esburacada, até que os dois guardas ficam dominados e desarmados. A rua está já cheia de gente.

Entretanto o Eduardo Sousa, presidente da Junta, tinha já mandado um emissário a Vila Flor, o Manuel Joanico, o homem da Maria Rêga, com um manuscrito:

Há um barulho em Benlhevai.

Estão a bater nos guardas.

Venham depressa e prendam já o portador”.

Como facilmente se depreende, o portador não sabia ler.

Passado algum tempo começam a surgir de todos os lados guardas de Vila Flor, de Alfândega, de Macedo, enfim, de todos os concelhos vizinhos. Benlhevai é cercado com metralhadoras. Com os guardas de Vila Flor vem um já reformado, que conhecia Benlhevai como as suas mãos, que vai servir de guia para irem de porta em porta prender todos os que haviam participado no barulho. O lapantim, tantos copos de vinho tinha bebido em Benlhevai, nas adegas e no sóto, sempre à loba cã, fazia-se amigo cá da terra, e agora vem cá fazer este serviço! Lá vão eles a prender tudo o que lhe aparece pela frente, ninguém escapava. A prisão dos revoltosos continua pela noite adentro. Conta-se até que alguém ia à horta arriar o calhau, ou seja, baixar calças, que nesse tempo não havia água canalizada, e muito menos quartos de banho, e não escapou à voz de prisão. Escaparam apenas os que conseguiram fugir, como o Avelino Morais, o Alberto Azevedo e mais alguns, que andaram fugidos durante meses. Dizem que um, coitado, onde se foi esconder foi à capela do S. Roque, no cemitério, e aí ficou dias e dias. Iam-lhe levar de comer e beber às escondidas, altas horas da noite.

Os prisioneiros são encaminhados para o Quinteiro Grande, e quando este serviço é dado por terminado, são conduzidos, a pé e a pontapé, até Santa Comba. Daí vão de camioneta para Vila Flor, onde são metidos na prisão. Os que viviam ali perto ouviram durante muito tempo os gritos de dor que saíam da prisão. Os guardas vingaram com porrada o que tinha acontecido aos seus dois colegas.

O tempo tudo cura, e como há coisas que nunca se podem esquecer, o remédio é seguir em frente. Uma coisa ficou bem clara, a gente de Benlhevai é muito boa para quem vem por bem, mas por mal…

Terminada a guerra, começou por toda a Europa um trabalho hercúleo de reconstrução. Programas económicos, mobilização de energias, levaram a que em poucos anos começasse uma nova era de desenvolvimento. Em Portugal, continuava a política de Salazar do orgulhosamente sós. A exploração do volfrâmio foi diminuindo, e a vida começava a voltar ao normal. Continuámos assim a ser pobrezinhos mas honrados, tratando 365 dias por ano do amanho das terras, tentando e nem sempre conseguindo que a família não passasse fome.

Começou a acentuar-se a emigração. Famílias inteiras iam para o Brasil, Angola e Moçambique, e muitos homens e algumas mulheres iam para França. Aconteceu algumas vezes que indo apenas o marido para um destes destinos, por lá ficou, na miséria ou refazendo a vida, deixando cá a mulher e filhos, que tiveram que sobreviver sabe Deus como.


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